O uso da planta como alternativa terapêutica para a saúde da mulher
A cannabis na ginecologia é um assunto que vem ganhando força entre a comunidade médica, pois as formas de aplicação são variadas e vêm apresentando excelentes resultados. Conversamos com a ginecologista prescritora cannabica, Mariana Zambelli, que atua na associação SouCannabis para esclarecer quais patologias ou em quais momentos a planta pode colaborar para o bem estar de mulheres de todas as idades.
Cannabis medicinal e a mulher
O uso da cannabis como alternativa de tratamento é um dos mais antigos que se tem registro em documentos históricos e escavações e conta com um passado com mais de 5 mil anos de história espalhados pela China, Ásia, Oriente Médio e África.
Dentre as aplicações terapêuticas estão as indicadas para a saúde da mulher. Para se ter uma ideia, até o século XIX era comum médicos prescreverem a erva para diversos tratamentos ginecológicos e na obstetrícia.
Porém, com a proibição da planta, os conhecimentos e as práticas medicinais foram se perdendo e foi somente no final do século XX que os estudos e as pesquisas sobre a cannabis foram retomados e revelações esclarecedoras mostraram o quanto essa planta é versátil e tem resultados eficientes para diversas patologias.
A ligação entre mulheres e plantas medicinais é registrada pela história, principalmente na figura da mulher chamada de curandeira, feiticeira e bruxa e a cannabis estava presente nos canteiros e nas receitas dos remédios que elas preparavam.

Por seu efeito relaxante, sedativo e anti-inflamatório, há prescrições antigas para dores no parto, dores menstruais e até para melhorar o prazer sexual.
“Ainda no Egito, o papiro Ebers, celebrado como o periódico médico completo mais antigo já descoberto, datando de cerca de 1.500 a.C., aponta uma formulação medicinal onde a Shemshemet (cannabis) deve ser triturada em mel, antes de ser aplicada dentro da vagina para “resfriar o útero e eliminar seu calor”. As propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes bem documentadas da cannabis, provavelmente, desempenharam um papel neste tratamento” – trecho da matéria publicada no The Greenhub.
Hoje, a potência terapêutica da cannabis está embasada na ciência, nas pesquisas que crescem em todo o mundo e nos relatos de pacientes que testemunham a melhora em seus tratamentos. Isso comprova o que a inquisição tentou apagar, o conhecimento e poder das plantas medicinais.
O Sistema Endocannabinoide
A razão que explica a versatilidade de aplicações dessa planta foi descoberta na década de 60 e se chama SE – Sistema Endocanabinóide, que faz parte do organismo humano, assim como os outros sistemas: neurológico, fisiológico, endócrino, imunológico, circulatório etc. Esse sistema se conecta diretamente com os componentes químicos da cannabis promovendo a homeostase do nosso organismo, ou seja, o equilíbrio de todas as funções metabólicas. Por isso, o SE é considerado o grande regente da orquestra que faz funcionar o corpo humano.
“O SE produz moléculas muito parecidas com as da planta, as duas principais, o CBD e o THC, ou seja, não gostar de cannabis é como não gostar da gente mesmo”, compara a médica e coordenadora internacional da Academia Americana de Medicina Cannabinoide, Dra. Carolina Nocetti.
Isso explica o uso da cannabis na medicina para tratar diversas patologias, pois atua diretamente no principal sistema do nosso organismo.
Cannabis na ginecologia
Para a saúde da mulher, a cannabis desempenha resultados seguros e positivos, como alívio da dor, das tensões e do desconforto tanto no período pré menstrual, como na menopausa. É indicada também para tratamento de patologias que atingem milhões de mulheres como endometriose, câncer de mama e depressão.

“Na parte clínica, o que consigo observar é que os pacientes que iniciam o tratamento com cannabis raramente o abandonam. A cannabis é antes de tudo promotora do bem estar e é nítida a transformação na vida das pessoas que sofriam tanto com tratamentos parcialmente eficazes e com tantos efeitos colaterais”, pontua a ginecologista prescritora cannabica, Mariana Zambelli.
Dentre as formas de uso da cannabis para a saúde da mulher existem os óleos, pomadas e até supositórios, pois a mucosa vaginal, depois do cérebro, tem uma excelente capacidade de absorver as propriedades da planta.
Endometriose
Uma doença, que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atinge cerca de 7 milhões de brasileiras. Além do diagnóstico ser difícil, as opções de tratamento são baseadas em reposição hormonal e muitas vezes não resolvem a dor que essas mulheres sofrem nos picos agudos da doença.

Recentes descobertas da ciência comprovam que o SE (Sistema Endocannabinoide) é fundamental para o funcionamento saudável do sistema reprodutivo, que está diretamente ligado aos problemas de endometriose. Por isso, a cannabis é uma perfeita aliada para esse tipo de tratamento, pois suas propriedades se conectam ao SE promovendo o equilíbrio do trato reprodutivo, diminuindo a inflamação do endométrio e aliviando as dores causadas pela doença.
Menopausa
Alteração de humor, calor excessivo, irritabilidade, ansiedade, insônia e até desconforto muscular estão entre os sintomas mais indesejados para as mulheres que atravessam o período da menopausa. Para regular esse processo a cannabis é uma excelente alternativa, pois ao se comunicar com SE promove a redução do estrogênio e como consequência, os sintomas se amenizam.

Um estudo promovido pela Universidade de Alberta no Canadá, onde a maconha é legalizada desde 2018, revelou que 65% das 1500 mulheres estudadas na província de Alberta afirmaram usar a cannabis para fins medicinais e as que estão na meia idade, optaram pelo uso para aliviar as tensões na menopausa.
TPM, cólica e desconfortos do período menstrual
Segundo a revista científica American Family Physician, 80% das mulheres durante o período menstrual se queixam de desconfortos como irritabilidade, sensibilidade nas mamas, náusea, enxaqueca, insônia, dores nas articulações e até febre com calafrios.

A cannabis se mostra eficiente para aliviar esses sintomas
Mariano García de Palau, diretor médico na Kapala Clínic na Espanha, uma plataforma de informação especializada em tratamentos com canabinóides, ressalta que os canabinóides como o THC e o CBD têm efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e espasmolíticos quando administrados para sintomas da TPM e no período menstrual.
Câncer de Mama
É o câncer que mais atinge as mulheres. Dados de 2020 do Instituto Nacional de Câncer revelam que mais de 65 mil mulheres apresentaram a doença. Deste total, pouco mais de 18 mil delas perderam a vida.

Um estudo realizado no Temple University School of Medicine na Philadelphia USA, e que foi publicado em fevereiro de 2014 na British Journal of Pharmacology, “os canabinoides interferem na progressão do ciclo celular, bloqueiam o crescimento celular e induzem a apoptose de células malignas por inibição das vias de sinalização pró crescimento tumoral”. Ou seja, a cannabis dificulta a progressão da doença, pois combate as células cancerígenas.
Além disso, o uso da planta também é indicado para amenizar os efeitos colaterais causados pela doença e sofridos pela realização da quimioterapia, como náuseas, falta de apetite, cansaço e fraqueza.
Depressão
Estima-se que em menos de 10 anos será a doença mais comum no planeta. Atualmente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, são mais de 300 milhões de pessoas que passam pela depressão, sendo que para cada homem diagnosticado existem duas mulheres com o mesmo diagnóstico.
O CBD, um dos componentes da cannabis, tem sido um dos mais estudados para o tratamento dos sintomas da depressão e os resultados são promissores. Pesquisadores da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto concluíram em seus estudos que o CBD tem efeitos antidepressivos.

A Universidade do Novo México nos EUA apontou que 96% dos pacientes em tratamento de depressão com cannabis tiveram melhoras de 40% logo após o início do consumo da substância.
“Eu fiz uso de ansiolíticos e antidepressivos por mais de dez anos e quando optei pela cannabis fiz como tratamento complementar ao acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Os resultados foram tão significativos na minha vida que como médica comecei a estudar a cannabis para poder ajudar outras pessoas”, conta a médica ginecologista prescritora cannabica Mariana Zambelli.
Ao contrário do que se pensa, a cannabis não é contraindicada para gestantes. Os efeitos analgésicos e de relaxamento proporcionados pela planta podem ajudar as mulheres na hora do parto. “Costumo indicar o uso da cannabis para tratar insônia, tensão, dores, ansiedade.
O resgate do conhecimento
Se antigamente a cannabis já estava presente nos canteiros de ervas se apresentando como uma aliada à saúde feminina por meio do conhecimento tradicional, hoje ela ressurge com o respaldo da ciência para provar que a planta é benéfica para muitos desafios que as mulheres enfrentam com relação à própria saúde.
Se você convive com alguma patologia citada, incômodos nos ciclos menstruais e menopausa ou ansiedade durante a gestação, entre em contato com a gente. Nós temos uma equipe multidisciplinar pronta para te atender.
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