Uso ritualístico da cannabis

Desde as antigas civilizações até os dias de hoje, o uso da cannabis acompanha a história da humanidade.

O uso ritualístico da cannabis, segundo pesquisas arqueológicas e estudos de antigas escrituras, apontam que  acompanha a história da humanidade há mais de 10 mil anos.

As formas de uso da planta são as mais variadas, entre elas, alimentação, tratamentos de doenças, confecção de tecidos e cordas, mas entre elas o uso para fins religiosos e espirituais datam dos mais antigos.

Estudos apontam que a relação espiritual e religiosa dessa planta com o ser humano está atrelada a diversas culturas e crenças. 

Ainda que hoje em dia muitas pessoas consideram a cannabis uma droga, a erva sempre foi utilizada como ponte de conexão com o divino, afinal, o efeito psicoativo da cannabis promove essa sensação de relaxamento e bem estar.

O homem foi interagindo com a planta, selecionando espécies, fazendo cruzamentos, espalhando sementes e cultivando a erva por diversos lugares, tanto que a cannabis está presente em todo o mundo.

Descobertas arqueológicas e registros em antigas escrituras evidenciam o uso ritualístico da planta, que por ampliar a percepção da mente devido ao seu efeito psicoativo, era considerada uma ponte de conexão com o divino.

Estudos sobre o uso ritualístico da cannabis

Um estudo publicado em 2019 pela revista Science Advanced contém as primeiras evidências claras do uso da cannabis em rituais religiosos na China há 2500 anos, através da análise de uma escavação que comprovou restos da cannabis num claro cenário ritualístico.

Além dos chineses, pesquisas revelam que muitos outros povos faziam uso da cannabis, tanto pelo seu potencial farmacêutico como espiritual, entre eles: indianos, egípcios e demais povos africanos, árabes, gregos, japoneses, hindus, romanos e mais recente nas Américas.

Judeus na antiguidade usavam maconha em seus rituais religiosos, segundo um novo estudo, onde foi encontrado em um templo de 2,7 mil anos de idade no sítio arqueológico de Tel Arad, na região central de Israel, restos de uma substância que foi identificada pelos cientistas como maconha.

Esse uso sagrado da planta está vinculado a muitos rituais em diversas religiões pelo mundo: taoísmo, xintoísmo, budismo, hinduismo, canteísmo e islamismo. Muitas vezes a planta é reverenciada ou associada a entidades sagradas, como a Deusa Sechat, no Egito ou Shiva, no hinduísmo.

Ainda que o catolicismo seja contra a cannabis, alguns acadêmicos, entre eles Dave Bienestock, afirmam que existem passagens na Bíblia que fazem referência à planta e que Jesus utilizava o óleo de cannabis como elemento de cura.

No Brasil, Padre Ticão foi um dos maiores estudiosos e defensor da cannabis enquanto planta sagrada e medicinal e chegou a realizar uma missa em homenagem à erva santa.

Ainda que a religião rastafari seja a mais popularmente conhecida vinculada à cannabis, existem hoje algumas correntes contemporâneas de adoração à erva: Stoner Jesus, formado por um grupo de mulheres no Colorado (EUA); as Irmãs do Vale da Califórnia (EUA) e o Canteísmo, uma religião toda dedicada à cannabis.

A religião do Santo Daime, que segue a linha do padrinho Sebastião, usa a maconha em seus rituais. 

Seus seguidores chamam a erva de Santa Maria e entendem que consagrar a planta junto com o chá de Ayahuasca, aprimora a visão e a percepção durante as sessões.