Profissionais da saúde se reúnem para estudar sobre o uso da cannabis na medicina.
A CICMED – 1ª Conferência Internacional de Cannabis Medicinal – que aconteceu em São Paulo nos dias 12 e 13 de agosto trouxe os avanços da ciência sobre o uso da cannabis para tratamento de doenças.
Foram mais de 40 palestras com especialistas em medicina cannabinoide do Brasil e do mundo, como Canadá, EUA, Uruguai e Colômbia.
A conferência trouxe as novidades que as pesquisas científicas e os casos clínicos têm mostrado como resultado da aplicação da cannabis no tratamento de diversas doenças.
A programação começou com uma aula com David Bearman, médico norte americano considerado um dos pioneiros nos estudos sobre a cannabis aplicada à medicina.
“A cannabis é eficiente pois atua no maior sistema neurotransmissor do corpo humano, o Sistema Endocannabinoide, que regula a homeostase, isso é ciência.” reforça o médico.
Sistema Endocannabinoide é destaque na CICMED
Foi a partir da descoberta do SEC – Sistema Endocannabinoide, presente em todos os animais mamíferos, e da forma como as propriedades químicas da planta se conectam a ele, que muito se avançou nas pesquisas.
É justamente pela existência desse SEC que a ciência consegue comprovar a eficiência da cannabis no tratamento de diversas doenças e por isso, praticamente todas as palestras traziam à tona o debate em torno desse tema.
A médica endocannabinologista uruguaia, Raquel Peyraube, defende a importância dos cursos das áreas de saúde ensinaram o sistema endocannabinoide.
“Existe um déficit educacional, que por cerca de 70 anos, afirmou aos estudantes de medicina que a cannabis era neurotóxica e agora, os estudos comprovam que ela é neuroprotetora. É preciso mudar essa mentalidade”, afirma.
Cannabis como tratamento
No campo da neurologia, os palestrantes trouxeram os avanços nos tratamentos para Síndrome de Tourette, doença de Parkinson e do uso da cannabis como alternativa para dependentes químicos e transtornos psiquiátricos
Como bem salientou a Dra Paula Dall Estella, o estresse impacta diretamente na modulação do sistema endocanabinoide.
“Quando o SEC está desregulado por situações que geram estresse, consequentemente, teremos disfunções que afetam nossa rotina, como sono, falta ou excesso de apetite, dor, inflamação, baixa da imunidade, pois são áreas reguladas pelo SEC”, explica.
Uma das indicações mais acertadas para o uso da cannabis é para controle da dor em casos oncológicos ou para dores crônicas, como fibromialgia.
As pesquisas seguem avançando com resultados benéficos desde crianças até idosos na cardiologia, endocrinologia, nutrologia, autismo, epilepsia, TDAH, encefalopatia, nutrologia e transtornos comportamentais em geral.
Cannabis e a odontologia
A diretora técnica e cirurgiã dentista da SouCannabis, Dra Endy Lacet estava representando a SBOCAN – Sociedade Brasileira de Odontologia Cannabinoide.
“A cannabis é muito bem utilizada para controle da dor orofacial, como anti-inflamatório e também para preparar o paciente com dias de antecedência para determinadas cirurgias. Além disso, alguns fitocanabinoides da planta tem apresentado bons resultados na regeneração óssea. As possibilidades são muitas e as pesquisas estão avançando no campo da odontologia.”, defende a Endy.
Esporte e cannabis
Uma das sensações do evento foi a presença do ex-lutador Maguila. Uma das lendárias figuras no boxe mundial, Adilson dos Santos, faz uso da cannabis medicinal para controlar uma doença degenerativa conhecida como Encefalopatia Traumática Crônica. Trata-se de um tipo de demência causada pelos golpes que ele sofreu na cabeça nas lutas ao longo da sua carreira.
O atleta é um exemplo de como a cannabis melhora da qualidade de vida.
Os estudos sobre o uso da cannabis na medicina esportiva seguem avançando e apresentam excelentes resultados na melhora da performance do atleta e também no controle de processos inflamatórios e das dores crônicas pós treino.
Para saber mais sobre o assunto acesse essa matéria completa sobre o tema.
Cannabis e os aspectos legais
“A fórmula perfeita para o médico prescrever produtos de cannabis para fins medicinais é, em primeiro lugar, conhecer o Sistema Endocannabinoide e depois, os inúmeros produtos disponíveis no mercado”, Leonardo Navarro, advogado especialista em direito.
Essa foi a dica central que o advogado destacou em sua palestra sobre Situação Legal da Cannabis Medicinal no Brasil.
Ele trouxe outras instruções de como o profissional deve proceder para não infringir as regras do CFM (Conselho Federal de Medicina).
“Dentre as infrações destaco a exposição dos pacientes (selfies com pacientes), publicar antes e depois do uso do medicamento, expor crianças (ainda que com autorização dos pais), publicar especialidade médica não reconhecida, vinculação com marcas de produtos (envio direto das prescrições para as empresas que realizam a importação de produtos, postagens elogiando produtos de forma recorrente e “tomando o remédio” por exemplo) e garantia no sucesso do tratamento”, pontuou Leonardo.
O profissional precisa informar todos os aspectos do tratamento e medicação, como os efeitos colaterais previstos e possíveis e outras informações sobre uso dos produtos à base de cannabis.
Tudo deve estar escrito no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, um documento obrigatório que deve ser assinado pelo paciente para proteger o profissional da saúde.
Lembrando que as punições aplicáveis para médicos que infringem as regras do CFM variam de penas de censura privada até a cassação do direito de exercer a medicina.
O papel das associações de cannabis
Ainda que representadas em menor número, as seis associações diretamente ligadas à cannabis representavam o papel da sociedade civil.
Foram debatidos temas relacionados à acessibilidade, informação, qualidade e regulamentação dos produtos.
A médica endocannabinologista uruguaia, Raquel Peyraube, defende que o processo de legalização deve regulamentar o cultivo, produção e distribuição dos produtos à base de cannabis.
“Estamos falando de saúde pública, os resultados do tratamento dependem da qualidade dos produtos. O sistema que regulamenta a cannabis deve garantir produtos de qualidade tanto para quem usa de forma adulta/recreativa, como para quem faz o uso enquanto tratamento e devem, obrigatoriamente, ser regulamentações diferenciadas e direcionadas para cada setor, sem misturar”, defende Raquel.
No que diz respeito à acessibilidade dos produtos aos pacientes, as associações com certeza têm um papel determinante e histórico nesse processo.
Foi a partir da união de ativistas, pacientes e cultivadores que surgiram as associações de cannabis.
Esses núcleos passaram a atender, plantar, extrair e distribuir o óleo para centenas de pessoas, garantindo o direito à saúde e qualidade de vida previsto na constituição.
A farmacêutica, pesquisadora da cannabis e coordenadora científica do CICMED Vivian Dalla Colletta, frisa sobre a importância de existir uma regulamentação e fiscalização sobre os produtos à base de cannabis produzidos pelas associações.
“Eu, como farmacêutica e diretora técnica da associação Curando Ivo defendo que os produtos das associações devam ser regulamentados seguindo critérios seguros, mas adequados à sua realidade e que não se compara a produção das indústrias farmacêuticas. Um exemplo é a legislação aplicada às farmácias de manipulação ou às farmácias vivas dos SUS e que seguem um rigoroso controle de qualidade. Esse modelo pode ser transferido às associações produtoras”, esclarece Vivian.
Fato é que o mercado medicinal da cannabis está em franca ascensão.
A indústria farmacêutica segue avançando nas prateleiras das farmácias. Hoje são mais de 15 produtos autorizados pela Anvisa.
As marcas importadas chegam conquistando o mercado com diversidade de produtos e fórmulas.
As associações seguem crescendo pelo país.
Foram criadas mais de 50 associações nos últimos dois anos.
Parte delas seguem produzindo o óleo e transformando a vida de milhares de pessoas.
Há espaço para todos.
As rempresas e instituições que oferecerem produtos de qualidade serão o doferencial no mercado.
É urgente um modelo de legalização que tenha como premissa o acesso, a segurança e a qualidade de vida do paciente.
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