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As mães e a Cannabis, uma história de luta por amor aos seus filhos

Elas enfrentam o preconceito e a criminalização pelo acesso ao tratamento com a planta e são protagonistas no associativismo no Brasil.

No Brasil, as mães estão majoritariamente na linha de frente na  luta pelo acesso à terapia canábica. Diante do desespero de ver seus filhos e filhas desenganados pela medicina convencional, tomaram para si a responsabilidade de buscar alternativas. Muitas dessas mulheres transformaram a dor em luta e impulsionaram um dos movimentos mais potentes de transformação social e de saúde no país: o movimento associativo da Cannabis.

Quando a medicina não via mais alternativas, as mães procuraram uma saída

A maioria das histórias que iniciaram o debate público sobre a medicina canábica no Brasil têm algo em comum: uma criança com uma condição grave de saúde, como epilepsia refratária, paralisia cerebral ou autismo severo e uma mãe que não se conformou com a ausência de alternativas. Foi o caso de mães como Ângela Aboin (Mãesconha) e Cidinha Carvalho (Cultive) e tantas outras, que abriram caminhos não apenas para seus filhos, mas para milhares de outras famílias.

Muitas dessas mães conheceram a planta e sua potência terapêutica, estudaram sobre ela, aprenderam a cultivar e a fazer o remédio, foram criminalizadas e enfrentam processos judiciais. Outras cruzaram fronteiras para buscar óleo de Cannabis em outros países, enfrentando o preconceito, inclusive dentro de suas famílias.

O marco da judicialização e do movimento associativo. 

Em 2016, a Justiça brasileira autorizou, pela primeira vez, uma associação, a Abrace Esperança, na Paraíba — a cultivar cannabis para fins medicinais. O processo foi movido por um grupo de mães e familiares de pacientes que não tinham mais opções. Hoje, a associação atende cerca de 25 mil pessoas com diferentes condições clínicas. A APEPI, no Rio de Janeiro, também segue modelo semelhante, com atuação pioneira.

Atualmente, segundo dados da Kaya Mind,  mais de 500 mil pacientes utilizam produtos derivados da Cannabis no Brasil. Ainda assim, o acesso continua sendo limitado e desigual, o que reforça a importância das associações, muitas delas fundadas e lideradas por mulheres que começaram sozinhas e hoje ajudam a transformar o sistema de saúde brasileiro.

Ângela Aboin é uma das lideranças desse time. Ela encontrou na Cannabis a terapia perfeita para tratar o autismo severo de sua filha, depois de tentar inúmeras alternativas convencionais, porém sem resultado efetivo.

Sua jornada começa na prática da desobediência civil em 2016 e enfrenta a criminalização para poder plantar e cultivar em casa o remédio que sua filha precisa até hoje.Uma construção jurídica que vai fazer 10 anos onde conseguiu o primeiro Habeas Corpus pela defensoria pública e no sexto HC conquistou o reconhecimento em definitivo, podendo hoje plantar com sua segurança protegida pelo Estado.

“Foram anos sendo criminalizada e ameaçada para poder oferecer para minha filha o óleo que transformou a vida dela. Se hoje a Luiza é uma adolescente alfabetizada, bem desenvolvida no seu TEA, capaz de socializar e se desenvolver é graças à maconha e aos benefícios que essa planta oferece, não só para minha filha, mas para centenas de outras crianças”, conta Ângela.

Ela não parou por aí ajudou a fundar a associação que hoje dirige e ensina o cultivo, os benefícios da terapêutica e o acesso à justiça para inúmeras famílias. Hoje a Mâesconhas não se restringe só a mães e é bem inclusiva a diversidade humana. Atualmente, Ângela está também como coordenadora geral da Fact Brasil, a Federação das Associações de Cannabis no Brasil e tem ajudado nas construções políticas e sociais de conscientização, acesso e regulamentação da maconha.

Para ilustrar essa importância, a  Fiocruz produziu um relatório em parceria com a UFRJ que destaca que o movimento das “mães canábicas” foi essencial para legitimar o debate público e gerar avanços legislativos, ainda que tímidos, na regulamentação do uso medicinal da planta.

Do cuidado às ações políticas

Essas mães deixaram de ser apenas cuidadoras e passaram a ser agentes políticas. Elas participam de audiências públicas, pressionam parlamentares, organizam eventos científicos, ajudam a capacitar médicos e constroem redes de apoio que se tornaram a base do movimento pela legalização do cultivo e do uso medicinal da cannabis no Brasil.

A luta dessas mulheres vai além da saúde: é uma batalha por autonomia, por direitos, por dignidade. Elas provaram que o amor pode ser um potente catalisador de mudança e que, quando o Estado falha, a mobilização coletiva pode abrir caminhos para transformar o impossível em realidade.

Mães da SouCannabis

A SouCannabis também conta histórias de mães que conseguiram revolucionar a vida de seus filhos e filhas através de um tratamento eficiente, seguro e muito bem acompanhado pela equipe de profissionais que atende pela associação.

“Eu sou mãe da Camila, que nasceu com epilepsia de difícil controle. Eu identifiquei a primeira crise dela com sete meses. Foi muito difícil acertar o tratamento, pois ela tinha muitas convulsões. Até conhecer a Cannabis de forma rápida as crises foram diminuindo”, Andrea, mãe da Camila. 

 

“Amanda tem síndrome de west e autismo, há dois anos ela faz tratamento com a SouCannabis. A terapia é fundamental para o desenvolvimento dela, além de ajudar no desmame gradual dos medicamentos alopáticos”, Cibele, mãe de Amanda.

“Falar da Cannabis é algo que me emociona, pois é uma vida antes e depois da Cannabis. Antes da Cannabis eu passava dia após dia segurando a cabeça do meu filho para ele não bater na parede, até que uma amiga me apresentou a Cannabis”, Raquel, mãe do Rafael.

Luta que continua

Apesar dos avanços, o acesso ao tratamento com Cannabis no Brasil ainda enfrenta entraves. O cultivo doméstico segue proibido na maioria dos casos e os produtos importados são inacessíveis para grande parte da população. Por isso, o papel das associações e das mães que as lideram continua essencial.

Essas mulheres não lutam apenas por seus filhos, mas por todos aqueles que, como elas, enfrentam a dor de uma doença grave e a ineficiência das políticas públicas de saúde. Com coragem e organização, elas abriram caminhos para um novo modelo de cuidado, mais humano, acessível e baseado em evidências científicas.

Se hoje a Cannabis é tema de debate público, projetos de lei e pesquisas acadêmicas, é porque, um dia, uma mãe decidiu que seu filho não podia esperar.

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