Criança autista faz fala emocionante sobre a luta das mães atípicas pelo direito à saúde de seus filhos.
Luiza Aboin de 11 anos, diagnosticada com espectro autista desde os quatro anos de idade, pediu o microfone para falar sobre a luta das mães de crianças atípicas pelo direito ao tratamento com cannabis, durante a primeira edição da Weexpo, uma feira cannabica que aconteceu nos dias 2 e 3 de março, na cidade de Campinas, interior de SP.
A fala, totalmente espontânea, encerrou de forma emocionante o debate sobre o associativismo cannabico pela ótica das mulheres, principalmente as mães, protagonistas da luta pelo direito à acessibilidade aos produtos de cannabis, vitais para a saúde de seus filhos e filhas.
Ela elogiou de forma sensível e honesta as histórias de vida de todas as representantes de associações cannabicas que estavam na mesa de debate, Emília Giovani, da Viver Ítalo; Cláudia Marim, da Maria Flor; Jéssica Camargo, da Divina Flor e de sua mãe, Ângela Aboin, da Mãesconha.
Dentro dessa luta, Ângela é uma das vozes expoentes nesse cenário. Ela assumiu a responsabilidade de se posicionar pelo direito ao tratamento com a planta, depois de vivenciar as mudanças que a cannabis trouxe para a vida da sua filha.
“A Luíza faz uso do remédio de cannabis desde os sete anos. Uma criança que se machucava a ponto de precisar usar capacete, conseguiu alcançar, com um remédio natural feito em casa, uma regulação de todo seu organismo, a ponto de hoje, dentro das limitações dela, pegar o microfone e conseguir palestrar. São muitos anos estudando, não só a parte terapêutica do tratamento, como também o papel político e social da luta pelo direito ao acesso”, destaca Ângela.
O comportamento de Luiza, genuíno e seguro, comprovam que sim, a cannabis traz qualidade de vida aos pacientes. Porém, o teor de sua fala, a mensagem que suas palavras trouxeram durante a palestra, mostram que o ativismo da luta de sua mãe reflete na educação e no entendimento de sua filha por todo esse contexto social e político que envolve a cannabis.
Em linhas gerais, Luiza deixou claro que a maconha é uma heroína na nossa história, pois traz saúde às pessoas e que por isso, a sociedade intolerante com a diversidade, precisa romper com o preconceito em torno da planta para termos uma vida melhor e mais justa.
Weexpo debate direito de acesso ao tratamento
“Desde o começo, o tratamento com cannabis da Luiza vem da produção caseira. Cultivamos em casa e eu faço a extração do óleo que ela usa. Chamo de cultivo caipira, aquele que é feito no quintal das casas. Ela ajuda a plantar, a cuidar e isso também é parte da jornada terapêutica dela. Esse contato com a terra e com a produção do seu remédio é muito importante para o desenvolvimento dela. Além da maconha, temos outras ervas medicinais, como manjericão, lavanda, alecrim, ou seja, uma pequena farmácia”, explica Ângela.
Hoje, Ângela comemora a conquista do seu sexto Habeas Corpus de cultivo, uma proteção jurídica que garante sua liberdade por cultivar maconha no quintal para fins medicinais. Está como coordenadora geral da Fact Brasil (Federação das Associações de Cannabis Terapêutica) e da associação Mãesconha.
Luiza segue aprendendo, se desenvolvendo e emocionando a plateia com sua capacidade de fala e argumentação, algo que parecia improvável há nove anos atrás quando o diagnóstico dela foi constatado.
Graças a maconha, Luiza e outras mais de 400 mil pessoas no Brasil estão tendo a possibilidade de viver uma vida com mais qualidade, porém o acesso ao tratamento segue inviável economicamente para milhares de pessoas, por isso, a luta pela democratização deve continuar.
Cannabis Salva Vidas,
o proibicionismo mata.