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THCV e as novas possibilidades de tratamento com a planta

Saiba o que é, para que serve e quais os possíveis usos clínicos deste canabinóide.

Dentre as centenas de canabinóides presentes na Cannabis, o THCV (tetrahidrocanabivarina) vem se destacando frente aos estudos como uma nova possibilidade de tratamento com a planta. Apesar de sua estrutura ser semelhante à do THC (tetrahidrocanabinol), o THCV possui propriedades distintas, com potenciais aplicações terapêuticas bastante promissoras.

O THCV foi identificado pela primeira vez em 1971, conforme relatado em um estudo publicado na revista Science Direct, os cientistas observaram também que o  THCV ocorre em concentrações mais elevadas em algumas variedades africanas de Cannabis, como apresenta esse artigo.​

Estudos indicam que, no sudeste da África, a seleção agrícola resultou em diferentes  linhagens de Cannabis com níveis elevados de THCV, isso porque essas variedades africanas, são cepas que se adaptaram às condições ambientais específicas de suas regiões de origem. 

O que é o THCV e como age no Sistema Endocanabinoide?

O THCV é um canabinóide menor, pois diferente do THC e do CBD, encontra-se em menor proporção na planta Cannabis. Ele tem semelhanças estruturais com o THC, mas atua de maneira diferente nos receptores do sistema endocanabinoide. 

Em relação à sua interação com o sistema endocanabinóide, o THCV apresenta uma ação dose-dependente nos receptores CB1. 

“Em doses baixas, o THCV atua como antagonista do receptor CB1, bloqueando ou reduzindo a ação desse receptor. Por outro lado, em doses mais elevadas, o THCV pode funcionar como agonista parcial, ativando o receptor de maneira controlada. Essa dualidade de ação é corroborada por estudos que demonstram a capacidade do THCV de antagonizar agonistas do CB1 em concentrações específicas, enquanto em outras condições, pode exercer efeitos agonistas parciais”, trecho retirado da pesquisa publicada na plataforma  . ​MDPI

Portanto, o THCV distingue-se do THC não apenas por sua menor abundância na planta Cannabis, mas também por sua complexa interação com os receptores do sistema endocanabinoide, apresentando potencial terapêutico em diversas condições clínicas.

Para que serve?

As propriedades farmacológicas do THCV têm despertado o interesse de pesquisadores pelo seu potencial em várias condições clínicas. Ele tem sido estudado por seus efeitos:

  • Supressor do apetite: ao contrário do THC, que pode aumentar a fome, o THCV tem sido associado à redução do apetite. 
  • Neuroprotetor: pesquisas indicam que o THCV pode proteger células nervosas e auxiliar na modulação de condições neurodegenerativas. 
  • Regulador glicêmico: há evidências de que o THCV pode melhorar a tolerância à glicose e aumentar a sensibilidade à insulina. 
  • Anti-inflamatório e analgésico: estudos iniciais apontam que ele pode ajudar a reduzir inflamações e dores associadas a certas doenças.
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O que relatam as pesquisas.

  • Neuroproteção

Cientistas utilizaram modelos animais para testar o THCV em doenças de Parkinson. A pesquisa recebeu o título efeitos neuroprotetores e de alívio dos sintomas do fitocanabinoide Δ9-THCV em modelos animais da doença de Parkinson. Eles demonstraram que o THCV pode proteger neurônios dopaminérgicos, possivelmente devido à sua ação antioxidante e à ativação de receptores CB2 

“Dadas suas propriedades antioxidantes e sua capacidade de ativar os receptores CB2, mas bloquear os receptores CB1, o Δ9-THCV tem um perfil farmacológico promissor para retardar a progressão da doença na DP e também para melhorar os sintomas parkinsonianos”, trecho extraído do resultado da pesquisa. .

  • Regulação Glicêmica

Uma pesquisa publicada na plataforma PubMed com o título, o canabinóide Δ9-tetrahidrocanabivarina (THCV) melhora a sensibilidade à insulina em dois modelos murinos de obesidade. O estudo, que utilizou modelos animais, mostrou que o THCV reduziu a intolerância à glicose e melhorou a sensibilidade à insulina.

“O THCV não afetou significativamente a ingestão alimentar ou o ganho de peso corporal em nenhum dos estudos, mas produziu um aumento precoce e transitório no gasto energético. Reduziu, de forma dependente da dose, a intolerância à glicose em camundongos ob/ob e melhorou a tolerância à glicose e aumentou a sensibilidade à insulina em camundongos DIO, sem afetar consistentemente os lipídios plasmáticos. O THCV também restaurou a sinalização da insulina em hepatócitos e miotubos resistentes à insulina”, trecho extraído do resultado da pesquisa.

  • Ação Anti-inflamatória e Analgésica

Os cientistas se debruçam em pesquisa para desvendar se, assim como o THC e o CBD tem propriedades analgésicas e anti-inflamatória, Um estudo com o título, o canabinóide vegetal Δ9-tetrahidrocanabivarina pode diminuir sinais de inflamação e dor inflamatória em camundongos, traz evidências de que o THCV apresenta essa características. 

“O THCV pode ativar os receptores CB2 in vitro e diminuir os sinais de inflamação e dor inflamatória em camundongos, em parte por meio da ativação dos receptores CB1 e/ou CB2.”, trecho extraído do resultado da pesquisa.

Quais patologias podem ser tratadas com o THCV?

  • Diabetes tipo 2: devido à sua ação sobre o metabolismo da glicose e melhora na resistência à insulina. Um estudo clínico randomizado e duplo ceg, indicou que o THCV pode representar uma nova opção terapêutica para o controle glicêmico em indivíduos com diabetes tipo 2. 
  • Obesidade e distúrbios metabólicos: um estudo em modelos animais de obesidade mostrou que a administração da molécula melhorou a tolerância à glicose, aumentou a sensibilidade à insulina e reduziu os níveis de triglicerídeos hepáticos. Esses resultados indicam que a THCV pode ser útil no tratamento da síndrome metabólica e/ou diabetes tipo 2 associado à obesidade por sua capacidade de reduzir o apetite e modular o metabolismo lipídico. 
  • Epilepsia: embora menos estudado que outros canabinóides, o THCV tem mostrado potencial anticonvulsivante. Uma pesquisa com modelos in vitro, esse canabinóide reduziu a atividade epileptiforme, já em modelos in vivo, a administração de THCV em ratos diminuiu significativamente a incidência de crises. Esses efeitos parecem estar relacionados à modulação dos receptores canabinóides CB1 
  • Doença de Parkinson: uma pesquisa que utilizou modelos animais de Parkinson indicou que essa molécula  pode atenuar a perda de neurônios dopaminérgicos, possivelmente devido às suas propriedades antioxidantes e à ativação dos receptores CB2. 
  • Transtornos de ansiedade: um estudo publicado na revista Science Direct traz indícios de que esse canabinóide pode contribuir para a regulação do humor em alguns casos. 
  • Dor crônica e inflamações: conforme estudo publicado, seus efeitos anti-inflamatórios podem ser úteis no manejo da dor persistente.

Formas de uso do THCV

O THCV pode ser administrado de diversas formas, a depender do objetivo terapêutico e da formulação disponível:

  • Óleos sublinguais: permitem uma absorção rápida e são bastante comuns em protocolos clínicos. 
  • Cápsulas: oferecem uma alternativa para dosagem controlada e liberação mais lenta. 
  • Inalação (vaporização): garante uma biodisponibilidade mais alta, com efeitos quase imediatos, mas pode não ser indicada para todos os pacientes. 
  • Tópicos: em formulações como cremes e pomadas, podem ser utilizados para dores localizadas ou inflamações.
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Indicações clínicas e cuidados

O uso de formulações contendo THCV deve sempre considerar o perfil individual do paciente, com avaliação criteriosa por parte de profissionais da saúde habilitados. A dosagem, o tempo de uso e a forma de administração devem ser ajustados conforme a resposta clínica e os objetivos terapêuticos.

Vale destacar que, embora a molécula esteja em fase de estudos mais avançados, muitos de seus efeitos ainda estão sendo investigados. Portanto, seu uso clínico deve ser acompanhado de perto e baseado em evidências atualizadas.

Além disso, por ser um canabinóide menor, ou seja, sua disponibilidade na planta é inferior aos outros, a formulação de produtos com alta concetração de THCV tem valores mais elevados que os demais e portanto, não há muitas opções desse tipo de produto no mercado

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